- Você viu o atentado em Paris? Caramba,
12 mortos...
- Pois é, triste né. Mas sabe que eu acho
que os caras passaram dos limites?
- Claro que sim, onde já se viu entrar
matando assim!
- Mas eu me refiro aos cartunistas.
- Como assim?
- Ah, cara. Você viu as charges que eles
publicavam? Totalmente desrespeitosas contra o islamismo.
- Você está defendendo os terroristas?
- Não, calma aí, não estou defendendo. Só
estou falando que o jornal foi longe demais. Ofendeu a religião de muitas
pessoas.
- Ué, engraçado, porque você mesmo não se
cansa de acusar os “fundamentalistas religiosos” aqui no Brasil, e falar que
eles são extremistas, alienados que querem impor o estilo de vida deles a todo
o mundo, e na hora de condenar autênticos fundamentalistas religiosos, que
matam outras pessoas de graça, você vem com esse discurso.
- Você não está entendendo o meu ponto. O
que eu quero dizer é que a liberdade de expressão tem limites, e que não é
legal ficar cometendo ultrajes à religião alheia só porque existe esse escudo
jurídico.
- Mas não foi você mesmo que estava outro
dia me mostrando uns vídeos do Porta dos
Fundos que escarneciam do cristianismo?
- Foi, mas isso não tem nada a ver. É
humor.
- Na França também era humor, as charges
tinham um tom satírico. O que eu acho é que você tem uma simpatia pelos
muçulmanos e uma implicância com cristãos, e fica a todo tempo tentando adequar
o seu discurso conforme o caso. Estou lembrando que um tempo atrás você estava
defendendo a Palestina contra os ataques de Israel.
- Não me entenda mal: eu não defendo a
violência ou o terrorismo. No caso da Palestina o que eu condenava
veementemente era a desproporção de forças, um exército bem equipado matando
vários miseráveis armados com pedras.
- Então você acha proporcional reagir a
charges de humor negro com tiros e mortes?
- Não, claro que não! O que eu quero dizer
é que aqueles franceses contribuíram para o atentado incitando o ódio. Só isso.
- Você está culpando as vítimas pelo crime
então?
- Em parte. Sim.
- Engraçado de novo. Me lembro que depois
daquela pesquisa do Ipea sobre estupro você chegou aqui indignado, falando que
a sociedade brasileira é machista e patriarcal porque muitos acham que a mulher
que usa roupas indevidas tem culpa se é estuprada.
- Um absurdo isso mesmo.
- Mas você está usando o mesmo argumento
que condenou naquela ocasião. Culpando a vítima.
- Não estou não, são coisas diferentes. Olha
só, você só fica aí reproduzindo os argumentos da grande mídia e não sabe que é
manipulado. Não tem como conversar com você. Vamos mudar de assunto.
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